Poética 20
sagaranicamente
eu te provoco
toco teu corpo
com meus dedos
mordo tua carne
com meus dentes
sagarinicamente
com meus olhos de lince
poeta é o quanto devoro
e oro para São Jorge
em seu cavalo andaluz
enquanto na vitrola rola um reggae
nos lençóis da cama rasgo um blues
poética 21
poética 22
não que eu não queira o que pensa
do que falo - no tempo da memória
agora o que me chegou veio no cosmo
micro processador de vento
creio - não invento
agora o que me fala no meu
diafragma
o magma desse solo tem fermento
não como do engenho da rainha
nem piso em outro solo nesse chão
na roda do tempo -
cata-vento
o trigo da farinha ainda é massa pro meu
pão
poética
23
vi seu coelho no colo
escrevi este poema solo
comendo uma tarde de música
meu olho em teus lábios na lírica
a língua no paladar
dédala um
bebi dois copos de rum
falamos de deuses e
mares
em códigos e signos estelares
em verdes
folhas de oxossi
entregue-me aos desígnios de ogum
poética 24
para Lucia Muniz de Sousa
naquela manhã de sol em ubatuba
lambi o ácido que caiu depois da chuva
cheirei resíduos da resina em caraguá
e a
toxina que entranhou naquela uva
caiu da lágrima que bebi do teu olhar
o sal
que temperou as nossas eras
na
pele do tempero ruptura em cada corte
poética 26
viajo
para muito além do corpo
onde habito no buraco
mais pro fundo
dos sentidos concreto
no abstrato um samurai
onde o concreto nem de longe
significa o quântico
do amor que ainda trai
paiol nas colchas das camas
de um país esfarrapado
poética 28
funk dance funk
para Sebastião Nunes
a noite inteira invento Joplin na fagulha
jorrando Cocker na fornalha
funkrEreção fel fala
Fábio parada de Lucas é logo ali
trilhando os trilhos centrais do braZil.
rajadas de sons cortando os ínfimos
poemas sonoros foram feitos para os íntimos
conkretude versus conkrEreção
relâmpagos no coice do coração.
quando ela canta Eleonora de Lennon
lilibay sequestra a banda no castelo de areia
quando ela toca o esqueleto de lorca
salta do som em movimento enquanto houver
e federika ensaia o passo que aprendeu com mallarmè
punkrEreção pancada
onde estão nossos negrumes?
nunkrEreçãonegróide nada.
descubro o irado Tião Nunes
para o banquete desta zorra
e vou buscar em madureira
a Fina Flor do Pau Pereira.
antes que barro vire borra
antes que festa vire forra
antes que marte vire morra
antes que esperma vire porra,
ó baby a vida é gume
ó mather a vida é lume
ó lady a vida é life!
poética 29
aqui fisiologia não rola
nem bola
não vivo pedindo esmola
não vivo de fantasia
fisiologia aqui não cola
o que rola aqui é poesia
Artur Gomes
FULINAIMICAMENTE
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