Jura
Secreta 40
moro no teu mato
dentro
não gosto de estar por fora
tudo que me pintar eu invento
como o beijo no teu corpo agora
desejo-te pelo menos enquanto resta
partícula mínima micro solar floresta
sendo animal da Mata Atlântica
quântico amor ou meta física
tudo o que em mim não há respostas
metáfora D´alquimim fugaz Brazílica
beijo-te a carne que te cobre os ossos
pele por pele sobre tuas costas
os bichos amam em comunhão na mata
como se fosse aquela hora exata
em que despes de mim o ser humano
do corpo rasgamos todo pano
e como um deus pagão pensamos sexo.
Jura Secreta 41
Goytacá Boy
musicado e cantado por Naiman
no CD fulinaíma
sax blues poesia
ando por São Paulo meio Araraquara
a pele índia do meu corpo
concha de sangue em tua veia
sangrada ao sol na carne clara
juntei meu goytacá teu guarani
tupy or not tupy
não foi a língua que ouvi
em tua boca caiçara
para falar para lamber para lembrar
da sua língua arco íris litoral
como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda
lágrima que mãe chorara
para roçar para provar para tocar
na sua pele urucum de carne e osso
a minha língua tara
sonha cumer do teu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão que restou da Guanabara
para Ana Gusmão
1
xangô é parte da pedra
exu fagulha de ferro
ogum espada de aço
faz do meu colo teus braços
oxossi é carne da mata
yansã é fogo vento tempestade
yemanjá água do mar
oxum é água doce
oxalá em ti me trouxe
te canto como se fosse u
m novo deus em liberdade
2
sou teu leão de fogo
todo jogo que me propor eu topo
beber teu copo comer da tua comida
encarar de frente
a janela de entrada
e se for preciso a porta de saída
algumas letras de um alfabeto grego
signo de comunicação indecifrável
eu tenho fome de terra
e esse asfalto sob a sola dos meus pés
agulha nos meus dedos
quando piso na Augusta
o poema dá um tapa na cara da Paulista
flutuar na zona do perigo
entre o real e o imaginário
Caio Prado
nem mofo de língua morta
o correto deixei na Cacomanga
matagal onde nasci
com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
para Juninho Vaccari
eu sou o outro que habita
dentro do meu outro eu
não a casca da cápsula
da carcaça aqui de fora
o que se vê no espelho
é só miragem
- Narciso mergulhado
à própria sombra -
o cavalo
na folhagem esse sim
é o que se vê na tela
quando a câmera revela
o concreto da outra pessoa
que não sou
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