poética 12
o poeta enquanto coisa
desliga as luzes do quarto
deita no chão da sala
na fala dos seus guardados
a
musa pelos telhados
voa em algum
balão
como fogos de artifícios
em
versos de lua cheia
em cordéis
de São João
poética 13
o que tem essa mulher que me
delira
o que tem essa mulher que me deleita
o que tem essa mulher que me provoca
o que tem essa mulher que me estreita
o que tem essa mulher que me espreita
o que
tem essa mulher que me transporta
leoa na selva que me caça
ou uma grande mulher quando me toca
poética 14
tua blusa de seda
entre meus dentes
o nó se desfez depois do vinho
sob
as folhas dos parreirais
vale - os vinhedos
quantas vezes eros
eletrizou os nossos dedos?
poética 15
antítese/antígona
ou seja lá que nome for
ou o que quer que seja
o preto no azul
o azul no preto
hipotenusa no cateto
cateto na hipotenusa
e os dedos da minha musa
sa(n)grado entre meus dedos
poética 16
clarice
em tudo que ainda não disse
em tudo o que ainda disser
nas páginas de um livro branco
quando come
um chocolate
ou livro que ela quiser
quem sabe vento de maio
no ímã do para-raio
flores do mal desfolhasse
nas pétalas do bem-me-quer
no carnaval quarta-feira
clarice a porta/bandeira
do mestre/sala federico baudelaire
poética 17
a chuva ácida desce entre os
relâmpagos
rasteja um verme sobre o chão de fósseis
os faróis do caos me anunciando tempos
onde os templos corroídos se desabam
sob os céus cinzentos barcos movimentos
não encontram cais nesse mar de Eras
para o nunca mais
poética 18
para jiddu saldanha
e tchello d´barros
o gumes da minha faca
ainda estão a bem afiados
quando furam sangra
rasgam o pano
não é fake nem funk
é punk koreano
poética 19
eu sou a língua da faca
eu sou os gumes da pedra
eu sou o filho da puta
iansã é quem me lava
oxossi é quem me leva
ogum é quem me manda
oxum é quem me guarda
iemanjá que me resguarda
xangô é quem me guia
sou o diabo giramundo
por justiça e poesia
Artur Gomes
FULINAIMICAMENTE
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