quarta-feira, 29 de setembro de 2021

poéticas 12 13 14 15 16 17 18 19

 


poética 12

 

o poeta enquanto coisa
desliga as luzes do quarto
deita no chão da sala

na fala dos seus guardados

a musa  pelos telhados
voa  em algum balão
como fogos de artifícios

em versos de lua cheia
em cordéis  de São João

 

 

poética 13

 

o que tem essa mulher que me delira
o que tem essa mulher que me deleita
o que tem essa mulher que me provoca
o que tem essa mulher que me estreita
o que tem essa mulher que me espreita

o que tem essa mulher que me transporta
leoa na selva que me caça
ou uma grande mulher quando me toca

 

poética 14

 

tua blusa de seda
entre meus dentes
o nó se desfez depois do vinho

sob as folhas dos parreirais
vale - os vinhedos 
quantas vezes eros
eletrizou os nossos dedos?

 

poética 15

 

antítese/antígona 
ou seja lá que nome for 
ou o que quer que seja

 

o preto no azul
o azul no preto

hipotenusa no cateto
cateto na hipotenusa

e os dedos da minha musa
sa(n)grado entre  meus dedos

 

poética 16

 

clarice

em tudo que ainda não disse
em tudo o que ainda disser
nas páginas de um livro branco
quando  come um  chocolate

ou livro que ela quiser

 

quem sabe vento de maio

no ímã do para-raio
flores do mal desfolhasse
nas pétalas do bem-me-quer
no carnaval  quarta-feira
clarice a porta/bandeira
do mestre/sala federico baudelaire

 

 

poética 17

 

a chuva ácida desce entre os relâmpagos 
rasteja um verme sobre o chão de fósseis
os faróis do caos me anunciando tempos
onde os templos corroídos se desabam
sob os céus cinzentos barcos movimentos
não encontram cais nesse mar de Eras
para o nunca mais

 

poética 18

para jiddu saldanha

e tchello d´barros

 

o gumes da minha faca
ainda estão  a bem afiados
quando furam sangra
rasgam o pano

          não é fake nem funk
                   é punk koreano

 

poética 19

 

eu sou a língua da faca
eu sou os gumes da pedra

eu sou o filho da puta

iansã é quem me lava
oxossi é quem me leva
ogum é quem me manda
oxum é quem me guarda

iemanjá que me resguarda
xangô é quem me guia
sou o diabo giramundo
por justiça e poesia

 

Artur Gomes

FULINAIMICAMENTE

www.fulinaimagens.blogspot.com

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