poética
55
o que vi vemos
poética 56
paixão é quando
linguagem de cinema
corta o verso pelo avesso
a cena segue em outra dimensão
sem seta rumo sem endereço
como se a nova meta sem meio fim ou começo enlouquecesse
o coração
poética
57
sinto tudo de você - me
vem
sinto tudo de você meu bem
sinto tudo de você que nem
meus zóios tristes no
trem
nos trilhos por onde vais
por pero vaz e caminhas
por um brasil do nunca mais
poética 58
o poema é um
silêncio dentro de um copo vazio de gin um beijo sujo de asfalto bêbado num
boteco em botafogo olhando o pão de açúcar como um Cristo redentor do amor não consumado stela ainda passeia
direto na veia o mar revolto em são conrado o sangue da curuminha no hotel
nacional e a vida se esvai na rocinha nessa cidade partida no olho do corcovado
desfiando as flores do mal
poética 59
na língua - e me lança
ondas num lance de lamber
meu cais - me atira
sobre as vagas
quando estou em calmas
porque sabes que me tens
nos temporais
poética 60
para Paulo Sabino e Marisa Vieira
preciso atravessar
o impreciso
no branco do papel
quando pressinto
a
lentidão de alguma lesma
no absinto
de mym mesma
poética 61
poética 62
vale dos vinhedos
hora do almoço
a boca com gosto de repolho roxo
salada de pimentão vermelho
beterraba - codorna temperada
com os vinhos das outroras
para o churrasco das colônias
bem na quinta das senhoras
com legumes e frutas de quintal
colhidas
pelas nonas antes do vendaval
vozes escancaradas sobre as mesas
a brasa da pimenta é viva
quase tudo de bom vem das
surpresas
o sabor da uva o agridoce das pitangas
o licor curtido das amoras
como o fogo dessa flor nativa
é o beijo que me deste agora
Artur
Gomes
FULINAIMICAMENTE
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