poética
40
te vigia
te espreita
em cada palavra
cada letra
cada sílaba
o fonema a metáfora
percorrem a pele do teu corpo
como fossem minhas mãos
boca dedos língua unhas
e te entregas ao poema
em santíssima comunhão
porque estás já dentro dele
sem ter como dizer não
poética
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poética 42
poética 43
a
percepção acho que é um dom uma descoberta um pássaro que pousa em nossa cabeça
e nos atira aos fios elétricos do corpo liberdade vem de dentro do motor dos músculos os ponteiros que só se movem
quando querem o repouso absoluto é uma forma de silêncio não vejo muita graça
em ser sozinho solidão as vezes faz bem noutras assusta mas sou tenho um amor
que ainda não me diz abertamente do diamante que mora dentro dele mas toco a
música dela tem itálias e palavrões as vezes quando me pergunto onde vou nem
sempre tem resposta aliás respostas é o
que menos tenho encontrado para as 25 mil perguntas paradas no ar o rascunho dos meus primeiros dias ficou
esquecido numa tipografia do tempo emoldurado na tinta que mudou de cor
poética 44
na pedra do sossego
eu me abstenho
na pedra do sossego
eu me abstrato
na
argamassa dos teus olhos
me preservo
na
pele dos teus dedos
meu
barato
nos
mamilos dos teus seios
me concreto
no
cio do teu corpo
eu me retrato
poética 45
poética
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cato cacos de vidros nos azuis lâminas
de fogo nesse olho d'água algas de pedras nesse
tempo ostras antes das horas que o dia tarda
e os tiranos cessem seu torpor maligno
cato caco de vidros nessa areia
carma e provo o sal o sangue o sexo a saliva o cio dessas horas tontas curuminha ainda chora espuma de isopor na areia no país
onde ela mora o lixo que se vê na praia não vem na barriga da arraia no bico da
cegonha ou no rabo da sereia
poética
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eu
sou o elo
a ponte
entre um lado
e outro do nada
nonada - infinito
rio
o grito do silêncio
quando estou no cio
a fome de ter
no sumidouro
me declaro sua
e até serei
entre o ser e o não ser
alguma coisa
que ainda não sei
FULINAIMICAMENTE
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