nu – literalmente - nu
afio ainda mais
a palavra/faca
sílaba/estilete
pornofonia/gilete
poema/navalha
tonicidade/canivete
tudo arma branca
subversão bandida
malandragem
mallarmagem
da mão esquerda e torta
para cortar o mofo que viceja
em cada voragem morta
vez em quando
re-inventosagaranas
fulinaímicas/linguagem
toco fogo na mortalha
sem metáfora ou retreta
dispo as fardas/literagens
fico nu ao pé da letra.
para daniela pace
pela imagem musa
sem pensar pudor nenhum
o lugar da memória
ou metalírica antropofágica
em são pedro de alcântara
não foram apenas os nomes
entre os casarões coloniais
do século dezenove
que movem as pedras
carcomidas
do cais
na
sala do bistrô
ela me matou a fome
feijão tropeiro no prato
no prato feijão tropeiro
a
língua no espírito santo
experimenta
a pimenta
pimenta
do espírito santo
na
língua novo tempero
mágica
metáfora
fábula
primeira
pavio de lamparina
faíscas
claras na gema
entre os pelos daquela mina
o fogo o meta/poema
vai queimar a carne inteira
o nome da musa
o poeta enquanto coisa
por um poema
que desconcerte
entorte
desconforte
arrombe a porta
dos céus
da tua boca
arranhe
os dentes
da loba
arrebanhe os cordeiros
no pasto
e lhes ensine
a subverter
as ordens do pastor
assumo
o risco
não sou demo
nem corisco
eu sou cantor
fosse clarice
uma mulher aos trinta
em tudo que ainda sint(r)a
como um mar pulsando ostras
beijaria o sal nas tuas
coxas
entre deuses céus infernos
fosse sagrado – não profano
nossos desejos mais e-ternos
fosse nu – corpo sem panos
como o vento nos vinhedos
em teus cabelos – desalinhos
os teus poros nos meus
dedos
tua lã fosse meu linho
tua língua entre meus dentes
em nossas bocas tinto – vinho
FULINAIMAGENS
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