língua
minha língua
é safada
nua e crua
não gasta palavra a toa
não canta palavra gasta
nem é fado de lisboa
é
blues rasgado
pedra de toque
samba rock
plug ligado
no navio ou na canoa
bebe do rio
e de sampa
nos demônios da garoa
fio desencapado
tensãoeletricidade
tesãocanibalidade
na voracidade da pessoa
lavra da palavra quero
numa canção do lenine
o peixe está na rede
o mar está com sede
o rio agora chora
onde esta cidade pedra
veracidade medra
eu te esfinjo drama
onde a ferocidade fedra
eu te desejo deda
eu te devoro dama
pensando a trama torquato
eu disse mamãe coragem
a vida é sagaranagem
na elegia da hora
fulinaíma é viagem
te levo na minha bagagem
não chora mamãe não chora
não me verás lugar algum enquanto
os dentes não forem postos e na mesa tenha espaço para todos. esse país que
atravesso corpo devassado em grito na cara do silêncio na boca dos escravizados
eu que venho das profundezas desse tempo escuro onde as caras soterradas no
asfalto onde os homens de verde/oliva despejavam chumbo sobre nossas palavras.
não me verás lugar algum o rosto que em mim verás agora é uma máscara que o
tempo se encarregou de moldurar sobre o pescoço.
por tanto tempo
por tanta escrita
por tanta carta
sem respostas
nossos moinhos de vento
muito além da mesa posta
ainda trago em mim
tuas mãos
tuas coxas
tuas costas
a tua língua
entre os dentes
em ex-camas que não tivemos
em madrugadas expostas
e tua fome era tanta
em tudo o que não fizemos
nesse teu corpo de santa
naquele tempo de bestas
na caretice de bostas
a primeira vez
foi um primeiro beijo então roubado
ali já ficou sacramentado em tropicália
o que iríamos desvendar
por entre cinzas nos currais
nas aldeias, ocas, nas taperas
por quantas Eras iríamos encontrar
agora como pa/lavro
outras amoras
plantei tuas sementes
no quintal da estação três cinco três
os frutos colherei junto ao teu nome
da tua carne comerei mais uma vez
no
coração dos boatos
para Uilcon Pereira - in memória
biútim evaristim evaristoa passava sem querer pelos telhados assombradados
in braziLírica com seu minúsculo gravadorzinho de bolso quando percebeu no jaburu
um vozerio estranho como um escárnio ao povo de bizâncio, o vampiro das
planilhas dialogava azedamente com o bandido das neves, combinando os
pagamentos das operações ocultas, obras invisíveis lá pelos quebra mares do
porto de santos.
depois de captar todas as falas, vozes, de mais alguns fantasmas
presentes no palácio, biútim entregou seu gravadorzinho aos delegados do
presídio de absinto e como nunca teve a ilusão que o seu trabalho fosse
resultar em alguma coisa sua gravação
foi arquivada, e o seu gravadorzinho foi queimado pelos
bispos/pastores/deputados/senadores da
igreja universal, para constatação da invasão neo-pentecostal pelos telhados braziLíricos,
onde tudo termina na avenida nos enredos su-reais do carnaval
FULINAIMAGENS
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