ma cum ba
nacarnavalha dos tambores
o corpo incorpora o tempo/dança
a língua de exu
lambe as coxas de yansã/menina
os pelos/púbis ossanha
embaixo dos tecidos
palavra líquida lavra pelas pernas
Eros eletrizando peles bocas pelos
gritos enquanto o rito
segue
seus ancestrais preceitos
ma cum ba no meu peito
xangô meu feiticeiro
oxum encanto
tantas línguas
cantam pra tirar
quebrando
de algum corpo nem santo
quando ogum vem pro terreiro
anjo torto
eu sou o que interpreta
e desafora
a capitã do mato
metáfora
meta
dentro
meta fora
que a meta desse trem agora
é seta nesse tempo duro
meta palavra reta
para abrir qualquer trincheira
na carne seca do futuro
meta dentro dessa meta
a chama da lamparina
com facho de fogo na retina
pra clarear o fosso escuro
psicótica
– 67
físicas – e muito menos literárias
minha palavra avária
está à beira do precipício
nem sei porque não continuei
internado no hospício
onde choques elétricos aconteciam as tantas
no manicômio henrique roxo
na cidade de campos dos goytacazes
onde a medicina psiquiátrica
era exercida por capatazes de médicos açougueiros
e um capixaba de nome vespasiano
não resistiu ao surto
explodiu a cabeça contra a parede
e nenhum jornal da cidade
noticiou o suicídio
que eu trago na lembrança
como dentes encravados
na memória
meta/fórica
nesse disco estrangeiro
a musa tem o nome: guanabara
no silêncio ela ri da nossa cara
a flor do mangue agora mora
onde seu leito jorra lama
por sua boca desdentada
peixe podre explode angra
em meu poema carNAvalha
naturalismo onde supunha
sal da terra no esgoto
eco sistema não interessa
ao senhor do mato grosso
agro-negócio é matadouro
soja pasto para os bois
o simbolismo da escrita é só metáfora
a concretude o modernismo vem depois
FULINAIMICAMENTE
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