segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Juras Secretas - 65 66 67 68 69

 

                            Jura secreta 65

esse teu olho que me olha
                          azul safira
                          ou mesmo verde

                          esmeralda fosse
pedra - pétala rara
carne da matéria doce


ou mesmo apenas fosse
esse teu olho que me molha
quando me entregas do mar
toda alga que me trouxe

 

                                                          Jura secreta 66

 era para ser assim como se foice

no papel de seda era língua e sangue

unhas muitos dedos dentes

nos teus céus de boca

 

era para ser assim como se fosse

meus olhos no cinema

nos teus olhos presos

e o destino do poema teus lábios indefesos

 

Jura secreta 67

aqui
os ponteiros
mordem os músculos 
do relógio
com seus profanos dentes
onde não tem amanhã
                    nem ontem
                    só presente

 

Jura secreta 68

disseram-me certa vez 
que essa escrita que voz falo
é um prato indigesto
osso duro de roer
carne ruim de comer
juro mesmo não presto
:
Federico Baudelaire

koringa boi/pintadinho
muito além do couro cru
muito além da carNAvalha
muito além da mesa posta

tenho mais de 25 mil cartas sem perguntas
e
mais de 25 mil perguntas sem respostas
minha língua é do barbalho
nas cartas do meu baralho
eu sei que você não aposta

 

Jura secreta 69

VeraCidade 2

 

há muito tempo

 não morro mais aqui
minha cidade é desbotada 
há muito perdeu o brilho
na minha voracidade o sol é claro
e a arte que preparo 
é o tiro que disparo
é a arma que engatilho

 

 

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