segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Juras Secretas - 80 81 82 83 84

 

                                    Jura secreta 80

 as orquídeas ainda são azuis

girassóis relâmpagos na chuva

na surpresa dentro a tempestade

dessa manhã que finda

 

pimenta tua boca em chamas

incendeia meus lençóis profana

essa linguagem como arco-íris

como  fosse pulsação que arde

nas entranhas dessa luz de fogo

nos meus dentes mastigando a tarde

 

Jura secreta 81

 rasguei as velas

que teci em tempestades

rompi as noites

em alto mar de maresias

 

pensei teu corpo

pra amenizar tanta  saudade

e vi teus olhos em cada vela que tecia

 

Jura secreta 82

 perguntei ao Herbert

como vão as coisas

pelas bandas das Minas

não as Gerais

mas as que moram no Cais

da lapa ou do porto

as que fazem direito ou torto

as que tem as costas

em linhas curvas

e atravessam o arco-íris

das formas que nem sei

as que tem um  belo horizonte

pelas bandas de  São João Del Rey

 

Jura secreta 83

 

mordi a carne da maçã

na língua o gosto era o batom

que ela usa nos mamilos

a carne da fruta é vermelha

branca é a minha Vênus de Milos

 

grafita pela pele pelos poros

como plumas

nas linhas dos lençóis de linho

transpira o amor em desalinho

rasgando toda blusa de lã

da minha musa de Vênus

quando transborda nossa cama de manhã

 

Jura secreta 84

 

diante o mar

o que pensar

a não ser o infinito

o grito das baleias

o silêncio dos peixes

a nossa fome disseminada

em cada um deles

os corais os abissais os ancestrais

os minerais os barcos atracados no cais

e o quanto somos finitos

 

diante o mar

o que pensar

a não ser como ela mexe comigo

aqui agora beliscando meu umbigo

em qualquer lugar que eu esteja

com esse copo de cerveja

 

diante o mar

o que pensar

a não ser os pés na areia

e quem sabe uma seria

me leve a mergulhar




 


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