poéticas secretas
poética 1
para carolina barbato
tua voz ecoa
marulha um mar
de um outro cais
e vens em ondas
solos de cristais
acordando algas
cavalos marinhos
peixes abissais
rouca elétrica
essa garganta lírica
de vocais intensos
quando teu ser eu penso
como um som atávico
de milhões de Eras
nas línguas da história
que os meus ouvidos híbridos
ainda ouvem na memória
poética 3
fosse alana
clara clarice ana
angélica isadora nathalia beatriz
a voz calada na fala
em tudo que não me disse
em tudo o que não me quis
fossem girassóis nos cabelos
o vinho num tal chafariz
suor escorrendo em teus pelos
na flor que van gog me diz
teus olhos cravados no espelho
o poema que ainda não fiz
poética 4
cavalga cavala
com teu dorso no horizonte
ventania
as crinas soltas ao tempo
por onde voas cosmogônica
por onde velas calmaria
pássara de 7 patas
pisa teu corpo no vento
nas metáforas dalquimia
vênus eros na estrada
a velocidade do fogo
vestida de nua in/plumas
felina aranha nas pedras
com suas entranhas de mar
com tuas línguas de raio
por essas tarde desmaio
flor - em teus cios
plantar
a
solidão extravasa
o silêncio
em altas doses de tensão
quando me calo
ou falo
entre sílabas
nas entre linhas
do poema
no teatro
ou no cinema
palavra/som
palavra/gesto
e o resto da metáfora
na mínima pausa
quando só
me deito em folhas
de papel para escrever
o que agora re-invento
assim esc(r)avo
e assim escrevo
com o de dentro
e o de fora
com o de fora
engenho dentro
poética 6
teus olhos
velam mistérios
teus olhos
guardam segredos
um mar de verde/amarelo
azul de um tempo abstrato
tempo de chumbo tenho medo
branco na íris retina
teu agro negócio asiático
teus olhos
serpentes da china
assassinos daquela menina
com teu veneno enigmático
poética 7
enquanto você pensa intensifico na voragem a vertigem que me
dá quando você não diz o fio esticado entre um espaço e outro do corpo na
distância geográfica me faz pensar a estrada que me levará até onde ainda quero
estar enquanto você pensa deliro piro desfaço
qualquer sentido de razão que ainda poderia existir em alguma sã consciência já
pensei algumas vezes um projeto de psicanálise popular – um divã em cada
esquina – pode me chamar de louco maluco pirado Clarice me ensinou a não ter
limites de estados ultrapassar fronteiras da insensatez e deixar a razão para
os sensatos
poética 8
o que isadora me diz
quando musa em meu poema
apenas lê em silêncio muda
ou se transnuda em sua casa
e devora os preponemas
como um pássaro cria asas
e sobrevoa minha carne
no litoral de ipanema
poética 9
no silêncio do quarto
beijo tua boca ainda suja
do vinho que sobrou
depois da trama
o
relógio na parede marca
a hora que entramos
na
cama do hotel
só cabem nossos corpos
dentro do poema
afrodite
ainda tonta
sai da trama
e segue pro cinema
poética 10
poética 11
quanto mais me fragmento
muito mais me multiplico
nos múltiplos sentidos
para alcançar-te pluma plena
no corpo da metáfora
onde meu corpo é ágora
nu teu colo
preso
toda carne queima em brasa
no nosso poema aceso
Artur Gomes
FULINAIMICAMENTE
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