quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Poéticas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11


                                          poéticas secretas

 

poética 1

para carolina barbato

 

tua voz ecoa

marulha um mar

de um outro cais

e vens em ondas

solos de cristais

acordando algas

cavalos marinhos

peixes abissais

 

rouca  elétrica

essa garganta lírica

de vocais intensos

quando teu ser eu penso

como  um som atávico

de milhões de Eras

nas línguas  da história

que os meus ouvidos híbridos

ainda ouvem  na memória

 

 poética 2

 o meu amor é um relâmpago

um coice nas trovoadas
caldeirão de raios elétricos
em noites de singapura

algumas noites é ana
nas madrugadas é vera
na cama somos bacantes
mil giga bytes um tera 
muito mais que tri amantes 
no plug me acelera

arranca do chão os meus pés
me lança na atmosfera 
ela - a louca de espanha
medusa da inglaterra
meu corpo tua quimera 

enterra suas sete cabeças
enquanto me diz - espera 
me morde me lambe - me lanha
com suas unhas de Hera

 

 

poética 3

 

fosse alana 
clara clarice ana 
angélica isadora nathalia beatriz 
a voz calada na fala 
em tudo que não me disse
em tudo o que não me quis

 

fossem girassóis nos cabelos
o vinho num tal chafariz 
suor escorrendo em teus pelos
na flor que van gog me diz
teus olhos cravados no espelho
o poema que ainda não fiz

 

 

poética 4

 

cavalga cavala

com teu dorso no horizonte

ventania

 

as crinas soltas ao tempo

por onde voas cosmogônica

por onde velas calmaria

pássara de 7 patas

pisa teu corpo no vento

nas metáforas dalquimia

 

vênus eros na estrada

a velocidade do fogo

vestida de nua in/plumas

felina aranha nas pedras

com suas entranhas de mar

com tuas línguas de raio

por essas tarde desmaio

flor -  em teus cios plantar

 

poética 5

 

a
solidão extravasa 
o silêncio 
em altas doses de tensão
quando me calo
ou falo 
entre sílabas
nas entre linhas
do poema 
no teatro
ou no cinema 

palavra/som
palavra/gesto 
e o resto da metáfora
na mínima pausa

quando só
me deito em folhas
de papel para escrever

o que agora re-invento

assim esc(r)avo
e assim escrevo
com o de dentro
e o de fora

com o de fora

engenho  dentro

 

 

poética 6

 

teus  olhos

velam mistérios

teus olhos

guardam segredos

um mar de verde/amarelo

 

azul de um tempo abstrato

tempo de chumbo tenho medo

branco na íris retina

teu agro negócio asiático

teus olhos

serpentes da china

assassinos daquela menina

com teu veneno enigmático

 

 

poética 7

 

enquanto você pensa intensifico na voragem a vertigem que me dá quando você não diz o fio esticado entre um espaço e outro do corpo na distância geográfica me faz pensar a estrada que me levará até onde ainda quero estar  enquanto você pensa deliro piro desfaço qualquer sentido de razão que ainda poderia existir em alguma sã consciência já pensei algumas vezes um projeto de psicanálise popular – um divã em cada esquina – pode me chamar de louco maluco pirado Clarice me ensinou a não ter limites de estados ultrapassar fronteiras da insensatez e deixar a razão para os sensatos

 

 

poética 8

 

o que isadora me diz

quando musa em meu poema

apenas lê em silêncio muda

 

ou se transnuda em sua casa

e  devora os preponemas

 

como um pássaro cria asas

e sobrevoa minha carne

no  litoral de ipanema

 

 

poética 9

 

no silêncio do quarto
beijo tua boca ainda suja
do vinho que sobrou
depois da trama

o relógio na parede marca
a hora que entramos

na cama do hotel
só cabem nossos corpos
dentro do poema 

afrodite ainda tonta
sai da  trama e segue pro cinema

 

poética 10

 

nem todo segredo é secreto
nem todo segredo é guardado

o corpo mesmo dentro dos panos
no espelho é revelado 

 amor mesmo quando profano
tem muito mais de sagrado

 

poética 11

 

quanto mais me fragmento
muito mais me multiplico
nos múltiplos sentidos 
para alcançar-te pluma plena
no corpo da metáfora
onde meu corpo  é ágora 
nu  teu colo preso
toda carne queima em brasa
no nosso  poema aceso

 

Artur Gomes

FULINAIMICAMENTE

www.fulinaimicamente.blogspot.com

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