segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Juras Secretas - 75 76 77 78 79

 

                                   Jura secreta 75

é abissal

o cheiro de esperma e susto

não fosse o ópio

nem cem anos de solidão

provocaria tal efeito

o peito estraçalhado

por dentes enigmáticos

Monalisa sangra na Elegia do agora

cada Deusa tem seu Templo

cada mulher tem sua hora

 

Jura secreta 76

black Billy


ela tinha um jeito gal – fatal vapor barato

toda vez que me trepava as unhas com um gato

cantar era seu dom

chegava a dominar a voz feito cigarra

cigana ébria vomitando doses do seu canto


uma vez só subiu ao palco

estrela no hotel das prateleiras

companheira de ratos na pele de insetos

praticando a luz incerta no auge do apogeu

 

a morte

não é muito mais que um plug elétrico

um grito de guitarra – uma centelha

logo assim que ela começa

algo se espelha

na carne inicial de quem morreu

 

Jura secreta 77

jazz free som balaio

Para Moacy Cirne

gravada no CD fulinaíma sax blues poesia


ouvidos negros Miles trumpete nos tímpanos

era uma criança forte como uma bola de gude

era uma criança mole como uma gosma de grude

tanto faz quem tanto não me fez

era uma ant/Versão de blues

nalguma nigth noite uma só vez



ouvidos black rumo premeditando o breque

sampa midinigth ou aVersão de Brooklin

não pense aliterações em doses múltiplas

pense sinfonia em rimas raras

assim quando desperta do massificado

ouvidos vais ficando dançarina cara

ao Ter-te Arte nobre minha musa Odara



ao toque dos tambores ecos sub/urbanos

elétricos negróides urbanóides gente

galáxias relances luzes sumos prato

delícias de iguarias que algum Deus consente

aos gênios dos infernos que ardem gemem Arte

misturas de comboios das tribos mais distantes

de múltiplas metades juntas numa parte

 

Jura secreta 78

a paciência explode

na cara do presidente

arranca-lhe os dentes

e o mandato

a vida é um teatro

no picadeiro do planalto

no circo dos indigentes

 

Jura secreta 79

um ser de luz

música feminina

invade a minha íris retina

no dia 11 de agosto

despencava a tarde

por entre folhas  e fios

de eletricidade

hoje me chega na noite

e me traz um céu

bordado de ternura

e eternidade



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