Jura secreta 75
é abissal
o cheiro de esperma e susto
não fosse o ópio
nem cem anos de solidão
provocaria tal efeito
o peito estraçalhado
por dentes enigmáticos
Monalisa sangra na Elegia do agora
cada Deusa tem seu Templo
cada mulher tem sua hora
Jura secreta 76
black Billy
toda vez que me trepava as unhas com
um gato
cantar era seu dom
chegava a dominar a voz feito cigarra
cigana ébria vomitando doses do seu
canto
estrela no hotel das prateleiras
companheira de ratos na pele de insetos
praticando a luz incerta no auge do
apogeu
a morte
não é muito mais que um plug elétrico
um grito de guitarra – uma centelha
logo assim que ela começa
algo se espelha
na carne inicial de quem morreu
Jura secreta 77
jazz
free som balaio
Para Moacy Cirne
gravada no CD fulinaíma sax blues
poesia
ouvidos negros Miles trumpete nos tímpanos
era uma criança forte como uma bola
de gude
era uma criança mole como uma gosma
de grude
tanto faz quem tanto não me fez
era uma ant/Versão de blues
nalguma nigth noite uma só vez
ouvidos black rumo premeditando o
breque
sampa midinigth ou aVersão de
Brooklin
não pense aliterações em doses
múltiplas
pense sinfonia em rimas raras
assim quando desperta do massificado
ouvidos vais ficando dançarina cara
ao Ter-te Arte nobre minha musa Odara
ao toque dos tambores ecos
sub/urbanos
elétricos negróides urbanóides gente
galáxias relances luzes sumos prato
delícias de iguarias que algum Deus
consente
aos gênios dos infernos que ardem
gemem Arte
misturas de comboios das tribos mais
distantes
de múltiplas metades juntas numa
parte
Jura secreta 78
a paciência explode
na cara do presidente
arranca-lhe os dentes
e o mandato
a vida é um teatro
no picadeiro do planalto
no circo dos indigentes
Jura
secreta 79
um ser de luz
música feminina
invade a minha íris retina
no dia 11 de agosto
despencava a tarde
por entre folhas e fios
de eletricidade
hoje me chega na noite
e me traz um céu
bordado de ternura
e eternidade
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