poética muito prosa
federika recolheu as ovas de
namorados espalhadas nas encostas agradeceu aos pescadores do posto 6
mergulhou as iguarias numa sacola de
plástico seguiu para casa feliz pensando o banquete de omelete para comer depois da noite
entre os lençóis
da sua cama de plástico das
suas cortinas de vento
dentro da noite escura
de onde me vens criatura
que me consomes na fala
quando me olhas se cala
no seu profundo pensar
mergulho no teu silêncio
pelos mistérios do cio
pelos segredos do ar
o que me trazes do rio
o que me teces no fio
o que me levas para o mar
como ogum de pênis/faca
perfura o corpo da glória
das entranhas ao coração
do catete ao largo do machado
onde aqui afora me ardo
como bardo do caos urbano
na velha aldeia cariOca
sem nenhuma palavra bíblica
e muito menos avária
orgasmo é falo no centro
lá dentro da candelária
repressão
esse poema enterrado
para nunca mais sair
muito menos a favor
não sou do tipo isso e aquilo
tenho um kilo de farinha
dentro da caixa de isopor
a latinha sei o quanto custa
e pago o preço
pra beber por onde esteja
vinho conhac cerveja
no meu bolo de cereja
só não cabe quem não for
não sou do tipo
sangue de porco no chouriço
fulinaimânico mestiço
você sabe o que é isso
entrar pela porta de serviço
pela pele da minha cor
você não sabe quanto custa
o preço da minha ira
o custo do meu amor
sou eu quem sabe onde o sabre
sangra sem dó - a minha dor
Artur
Gomes
FULINAIMICAMENTE
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