Jura
secreta 95
como se fosse infinita estrada
provocando descaminhos
desafiando caminhadas
Clarice diante do espelho
no mar do precipício
transparece o corpo em algazarra
a farra do vestido ao vento
mastigando meus instintos
na carne da noite a dentro
Jura
Secreta 96
só me queira assim caçado
mestiço vadio latino
leão feroz cão danado
perturbando o teu destino
só me queira enfeitiçado
veloz macio felino
em pelo nu depravado
em tua cama sol à pino
só me queira encapetado
profanando aqueles hinos
malandro moleque safado
depravando os teus meninos
só me queria desalmado
cão algoz e assassino
duplamente descarado
quando escrevo e não assino
Jura
secreta 97
mesmo se fosses
andorinha gavião ou
colibri
beija-flor singrando os ares
meu amor meu bem-te-vi
Jura Secreta 98
Dandara tão clara
quanto rara
jura secreta
que desabrocha
em flor de lótus
flor de lascio
flor de lírios
flor de cactos
flor/espinho
depois do amor
pedra trans/tornada
flor no meio do caminho
Jura
Secreta 99
dentro do quarto
o poema tenso
não entra nem sai
o estômago ronca
as tripas gritam de fome
e o poema preso
tenta dar um salto
pular pelas janelas
o impulso é fraco
o país é pobre
enquanto o povo dorme
a rosa se esfacela
e os restos de bandeja
são vendidos por migalhas
Jura secreta 100
memorial
dos ossos
espora essa palavra amolada
dessas que cortam a carne
no primeiro toque
espora em meu sentido rock
não um mero truque
no pulsar da língua
que a tua pele lambe
quando saliva aflora
espora em meu cavalo branco
o simbolismo aceso
todo dia é dia de São Jorge
Jorge Luis Borges
num plural latino
escavar a terra em busca da palavra
quando nervo implora
espora temporal dos músculos
memorial dos ossos
nesse tempo bruto
tudo quanto posso
Artur Gomes
Do livro
Juras Secretas
Editora
Penalux 2018
Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
(22)99815-1268 – whatsapp
EntreVistas
Studio Fulinaíma Produção Audiovisual
https://www.facebook.com/studiofulinaima
Nenhum comentário:
Postar um comentário