quarta-feira, 27 de agosto de 2025

o poeta enquanto coisa


 

hoje é domingo
de Hera me vingo
com minha sarcástica ironia

fisto-me de Dionísio
nessa festa pras Bacantes

me consagro teu amante
pelos vinhedos de Baco 
no ápice sagrado

da  su-real pornofonia

 

 

entre os lençóis

 

o outubro 
me deixou no tudo nada 
a luz branca sem sono
em nossos corpos de abandono

ela arquitetava uma nesga
entre as frestas da janela
luz do luar nos olhos dela
girassóis em desmantelos
por entre poros entre pelos
minhas unhas tuas costas 
Amsterdã nos teus cabelos 

o que Van Gog me trazia
era branca noite de outono
que amanheceu sem ver o dia 
nossos corpos estavam banhados
de vinho tinto e poesia

 

fonética das cores

 

3 dentadas no pão e a faca suja de manteiga entreguei-me ao desejo de olhar o corpo do poema nu ainda virgem deitado sobre a grama no quintal do casario no cafezal rolava um blues vestido de algodão branca flor entre as sílabas tônicas e a fonética das cores entre o vão das coxas brancas de alfazema sopravam ventos de alecrim

 

poema atávico

 

e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas

 

nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra 
tem seus olhos no brilho da escultura

 

confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem

a cor da tua pele
a carne sob os lençóis

 onde meus dedos
ainda não nasceram

 

algum deus

anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos

comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas 
e a pele dos meus olhos anda perdida
em teu vestido

Projeto Arte Cultura

27 de agosto
com muito gosto
fazer setenta e sete
outra coisa me disse
fulinaíma
pra definir o que faço
o traço a cada compasso
pensado sentido vivido
estando inteiro
não par/ti/do
a língua ainda
entre/dentes
a faca
ainda mais afiada
a carNAvalha in/decente
escre/v(l)er
é tudo o que posso
pra desafinar os contentes
desempatar de/repente
o jogo dos reles bandidos
é tudo o que tenho feito
por mais que tenha sofrido
nas unhas dos dedos
nos nervos
na carnadura dos ossos

Artur Gomes

Hoje Balbúrdia PoÉtica especial
no Carioca Bar - Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17
Parque São Caetano - Campos dos Goytacazes-RJ
Espero vocês lá, a partir das 18h

leia mais no blog
Artur Fulinaimagens
https://fulinaimargens.blogspot.com/


A querida Pátria Amada  adormecida

agora acorda em mãos armadas

orientada por  genocida merdavalha

                  vamos cortar tua língua vil

               com  os meus fios de navalha

                esse brasil que come osso

          mora no abismo da mortalha

                     vamos degolar o teu pescoço

                     filho da puta vil canalha 


Pastor de Andrade


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