terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

múltiplas poéticas

 

 mariana


gaivotas sobrevoam
os cílios da Lagoa
teus cabelos louros
espelham sal na lâmina d´água
o mar – complemento do teu nome
naquela noite de música
mágica – quando vozes da áfrica
saltam da garganta
canto de todos os povos
no verde da mata
luzes na flor da pele
líquida cerveja
na sede que não cessa
éramos mais que tímpanos
absortos naquele espaço templo
com os olhos famintos
devorando luas
na constelação de Orions
como uma flor de cactos
sobre um chão de estrelas

Artur Gomes
https://www.facebook.com/search/top/?q=juras%20secretas

foto: Alice Maria Diniz - Transepoéticas I Festival de Brasília da poesia brasileira 


Jura secreta 54


moro no teu mato dentro
não gosto de estar por fora
tudo que me pintar eu invento
como um beijo no teu corpo agora

desejo-te pelo menos enquanto resta
partícula mínima micro solar floresta
sendo animal da Mata Atlântica
quântico amor ou metafísica
tudo que em mim não há respostas

metáfora D´alkimim fugaz Brazílica
beijo-te a carne que te cobre os ossos
pele por pele sobre as tuas costas

os bichos amam em comunhão na mata
como se fosse aquela hora exata
em que despes de mim o ser humano
e do corpo rasgamos todo pano
e como um deus pagão pensamos sexo

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018 

www.fulinaimargem.blogspot.com


silêncio gritos & sussurros

o seu corpo/poema
pede-me silêncio
ou algazarra?

farra
de bocas pernas coxas
línguas e dedos
nos recantos mais profundos
por onde dorme o teu desejo?

carícias delicadas
pela nuca
em torno da orelha
lábios deslizando
ao redor do teu umbigo?
o que o seu corpo/poema
quer viver comigo?

o seu corpo/poema
no deserto das delícias
é escorpião ou percevejo?

é calmaria
ou tempestade
no alto mar da liberdade
pede-me noite ou claridade
ou
implora-me desesperadamente
os mais selvagens beijos?

Artur Gomes

o poeta enquanto coisa

Editora Penalux – 2020

www.porradalirica.blogspot.com


Poética 108

quando a noite vem
me entrego aos meus
caprichos, escrevo e pronto
nem penso o tanto
que me custa o dia
fazia tempo, o tempo que fazia
tanta palavra atrás
de um outro dia
se a noite chega o dia se esvai

 natural orgia


fosse o que não diz ou se assim dissesse toda palavra fala em minha língua cresce
fermento em algum tempero como sentir teu cheiro e muito mais que isso que não sei o nome e inda queima em brasa nos lençóis de linho fosse em sua cama ou em minha casa
ou até fosse mesmo em qualquer cozinha essa loucura minha passeando a noite em um poeta teso mesmo fosse dia fosse sol ou lua natural orgia em tua boca nua esse poema preso


Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa

www.arturkabrunco.blogspot.com


HOJE é o aniversário desse amigo muito querido.

Artur me enche de orgulho pela sua arte sem limites, pela sua simplicidade, pelo seu talento "sobrenatural". HOJE completa sete décadas de puro amor a tudo o que faz.

Trabalhamos juntos no IFF por longo tempo e como aprendi com suas exaltações poéticas, suas apimentadas colocações nos textos.

Artur Gomes , dentre suas performances, há de se destacar um susto que deu aos participantes de um curso de Controle Mental, na época, no Palácio da Cultura. Num exemplo de brasilidade enrolou a Bandeira Nacional no corpo e com um timbre de voz alto lançava ao vivo e em cores, um poema de tamanha beleza, profético para o Brasil que estamos vivenciando agora.

Artur é temático em seus gestos e dono de um olhar imperativo. Colhe da Rosa ao néctar do prazer, toda uma poesia que marca, que seduz e que alucina. " Artur Gomes, nada sabe de mim." Viva Mallarmé! Beijos pra você, meu amigo!

 (Vania Cruz)

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