terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

intervenção poética


Jura secreta 17


meu objeto concreto
é um poema abstrato

impressionista realista
quem sabe neo concretista
poderoso artefato

uma bomba de Hiroshima
uma rosa parafina
ou quem sabe uma menina
que conheci só no retrato

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux- 2018

www.fulinaimagens.blogspot.com




intervenção poética

2

Buena à Vista - del Santa Cruz de La Sierra
Puerto Viejo - Bolívia - fronteiras com o Brasil/Pantanal

para Moacy Cirne - in Memória
aí Pedro Bial/TV Golpe –
esse é o Rio de Janeiro que eu quero

quero um Rio de Janeiro
sem farda sem capacete
intervenção militar é o K ralho
não tente nos enganar
com essa carta do baralho
de olho na eleição
violência com violência
não se extermina nunca não
o chefe dos traficantes
mora nas Minas da conspiração

quero uma intervenção poética
bebendo o caldo da ética
embaixo os Arcos da Lapa
Cinelândia, Glória, Catete
Flamengo, Botafogo, Laranjeiras
Copacabana, Ipanema, Lagoa
Gávea até o Baixo Leblon

quero a Poesia Toda vermelha
na tua boca de batom

da Rocinha ao Corcovado
da Maré a São Conrado
o olho no front da Barra
com toda palavrAção
no morro do Alemão
quero festa pra Bracutaia
nós vamos invadir sua praia
no grande mar da subVersão

Artur Gomes

#LULALIVRE #LULALIVRO

foto: Alice Maria Diniz - Transepoéticas I Festival de Brasília da poesia brasileira



poética 105

bebo teus olhos
dentro da noite escura
de onde vens criatura
que me consome a fala
quando me olha e se cala
no seu profundo pensar

mergulho no teu silêncio
pelos mistérios do cio
o que me trazes do rio
o que me levas do mar

Artur Gomes Gumes

na foto: lindamente Xica - Cordel da Lua Madrinha 



em tempos de crise
a crase oculta
o significado das coisas

Artur Gomes

foto.poesia



intervenção poética

minha metralhadora
cospe poesia porque o tempo não para
coice dentro da noite
caçando luz na escuridão

o tempo despeja
os ponteiros do relógio
sobre nossas carcaças
fumegantes

nervos e músculos
sustentam ossos em nossos corpos
vulneráveis aos contra-templos
dos trilhos

clamo por intervenção poética
no morro do encantado
lançando fogos de artifícios
chuva de poemas
na cabeça dos fardados
com papel para imprimir
flores - na boca dos fuzis
de cada soldadinho de chumbo

Artur Gomes

poema do livro  - Lula Livre

org. Ademir Assunção e Marcelino Freire



Jura secreta 18


te beijo vestida de nua
somente a lua te espelha
nesta lagoa vermelha Porto Alegre
cais do porto barcos navios no teu corpo
os peixes brincam no teu cio
nus - teus seios - minhas mãos
a rendas finas que vestias
sobre o teu corpo ficção

todos os laços dos tecidos
aquela cor do teu vestido
a pura pele agora é roupa
o sabor da rua língua
o batom da tua boca
tudo antes só promessa
agora hóstia entre meus dentes

e para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

www.fulinaimicamente.blogspot.com


 



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