tenho prestado atenção em algumas coisas além da fumaça e do cinza espalhado por sob esse céu de estanho para não dizer de zinco entre um incêndio e outro o pantanal a Amazônia vão se esvaindo em chamas e a vida cada vez mais precária entre os animais humanos onde a ignorância a violência é o saber de muitos e a consciência crítica é o saber de poucos
Artur Gomes
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Artur Gomes – FULINAIMAGENS
ainda não disse que te amo mas não se assuste o beijo está guardado debaixo dos tecidos que cobrem o esqueleto à flor da pele na carne onde a palavra mora e a lavra aplaca qualquer ferida deixada por alguém que já foi embora
muitas coisas muitas vezes tão distantes me parecem tão presentes que o ausente evapora como éter eternamente simplesmente o rio escorrega por entre pedras e seixos e a vida segue o curso da corrente numa boa a pedra que rola sob o leito d´água muitas vezes voa
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remix fulinaímico
suor & cio revisitado
a quem interessa o poema
na sala escura do cinema
o verso atravessado na garganta
nesse país que não levanta?
entre/aberto
em teus ofícios
é que meu peito de poeta
sangra ao corte das navalhas
minha veia mais aberta
é mais um rio que se espalha
na noite uma estrela
ainda brigava contra a escuridão
na rua sob patas
tombavam homens indefesos
e meus versos descarados
em teus lábios – presos
gigi em ouro preto
me deu um beijo na boca
quando ouviu
alguém cantando milton
ali em frente no porão
um país incendiado
e o poeta segue sempre
o seu destino em marginalha
o seu caminho em contra-mão
Artur Gomes
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Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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mitologia itabapoânica
itabapoana a pedra submersa nas águas de são francisco hoje voa sobrevoa a lama da planície goytacá se desviando os fungos criados por fezes e urina de ratos e morcegos que habitaram páginas de livros antigos fora e dentro dos arquivos federika bezerra me conta que no período em que se hospedou no hotel amazonas recebeu informações de fontes misteriosas sobre o paradeiro dos tais ratos, morcegos e outros roedores que surgira dos esgotos da velha aldeia tupinambara quando seus integrantes passaram pela intrépida cidade
Gigi Mocidade
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Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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tudo aquilo que não digo
eu diria
tudo aquilo que não digo
não foi ainda pensado
triturado mastigado consumido
digo
:
preste mais atenção
em tudo aquilo que não digo
me dizia paulo leminski
olhando poema de kandinski
tatuado em meu umbigo
EuGênio Mallarmè
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Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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tratado primeiro
das letras quero tudo da palavra arranco gesto jiddu não me ensinou a mímica das metáforas ficou tudo suspenso cavalo solto no espaço pra quem quiser galopar
*
laranja cósmica
em são francisco de itabapoana não tem laranja cravo poukan ou mexerica como meus intestinos não vivem mais sem bagaço de laranja estou importando laranja do cosmo com minha astronômica luneta descobri fartura de laranjas em marte vênus plutão e o irônico é que em são francisco do itabapoana só tem laranjas nos telhados não tem laranjas no chão
Federico Baudelaire
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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*
couro cru & carne viva
adriano moura no prefácio de o homem com a flor na boca foca na obra do “bardo da cacomanga” sua poética política e memória. volto um pouco lá atrás ao ano de 1987, para dizer que na obra desse “trovador contemporâneo” sua liberdade criativa provoca, afronta regras, desconstrói linguagens. bota a carnavalha na cara da “louca das minas”, que em seu surto delirante invade o palco da teatro francisco nunes em belo horizonte e grita que: “liberdade não é libertinagem”. sereno e imperativo o serAfim com a “flor na boca” contua a desfolhar sua bandeira no outro lado do palco na tela:
“no centro do universo te mando um beijo ó amada enquanto arranco uma espada do meu peito varonil espanto todas estrelas dos beijos do eternamente pra que acorde toda esta gente deste vasto céu de anil pois enquanto dorme o gigante esplêndido sono profundo não vê que do outro mundo robôs que enrabam ó mãe gentil!
Engels La Puente – do black ryver jardiNÓpolis Batatais
8 setembro – 2024
*
geleia geral
poema para ser cantado/falado nos saraus dos bares por esse brazyl que a tantas eras explode pelos ares
“é preciso estar atento e forte
não temos tempo de temer a morte”
Caetano Veloso
Gilberto Gil cantou
:
começou a circular
o expresso 2 2 2
que parte direto de bonsucesso
pra depois
o tempo rei
aponta a flecha
estica a lança
o velho deus mu dança
subo nesse palco
minha alma cheira talco
como bumbum de bebê
o deus justiça
rola o lance
nos dados sempre seis
poesia não cai do céu
é blues rasgado da carne
para o branco do papel
com um grito de alerta
:
sou o punk da periferia
sou da freguesia do ó
ó aqui pra vocês!
Artur Gomes
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
fico nu
o poema muda de cor
tem outros planos
muda a flor
dos meus enganos
pássaro no ar
feito urubu
mitologia fulinaimânica
explicitamente picasso nunca nos disse guernica o que signi-fica o corpo do fonema aliterações alisam a orelha de van gog fartura farta fogo farra festa federico baudelaire tocando fado pras fadinhas de vênus falarem com a fênix do farol de alexandria enquanto freud nem fode nem explica o que aconteceu na sexta feira no luau das laranjeiras depois que federika furtou a farinha do desejo de toda família do império das bananas no largo do machado infeliz das oliveiras
Irina Serafina
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mitologia fulinaimânica 2
cubismo é um objeto estranho
encontrado por uma sereia
nos lençóis do maranhão
em noite d e lua cheia
teria vindo do mar
ou foi criado ali mesmo
naquele chão de areia
onde nenhum rabo de arraia
resistiu a ventania
não pense filme de terror
porque já tem gente por aí
dizendo que este samba é pra você
ó meu amor!
e que eu só escrevo putaria
Pastor de Andrade
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mitologia sagarânica
salvador alisa os bigodes de dali macabea ensandecida morre ali mesmo em sucupira no presídio federal de brazilírica porcina mete a língua na faca de lorca as unhas sujas de irina corta morangos mofados na fruteira odorico ordena zeca diabo a organizar o enterro das camélias diadorim sopra o cano da garrucha pendurada em seu olho esquerdo sagarânica em polvorosa comemora mais uma noite de são joão
EuGênio Mallarmè
In Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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mitologia sagarínica
macabea a rainha das artes cínicas insatisfeita com o rumo dos canaviais aliciara presidiários a saltarem os muros do presídio federal de brazilírica federico o carcereiro desconfiou da facada que levaria pelas costas mas o matuto astuto como era invocou nossa senhora das cabeças tortas e rezou uma ladainha com os caramurus dos serAfins convocando eros e vênus para o banquete pornolírico com as descendentes de olivácio e gigi remexendo seus colírios que trouxera atrás dos braços deposita sua iansã por sobre a mesa e despacha macabea pro espaço
Federika Bezerra
mitologia brazilianas
breton mastigava poemas de baudelaire no jantar da quinta da boa vista dois anos depois da independência d pedro não conseguiu engolir abapuru no quartel da realeza leopoldina perambulava distraída e preocupada com as cartas de bonifácio recebeu notícias que em pernambuco havia chegado um ser estranho pintado em cores assombrosas perturbava a calmaria daquele estado de incertezas para os caminhos da imperatriz uma sombra pairava sobre as chaves do seu guarda-roupa sem saber ao menos com que roupa iria desfilar no dia de são cristóvão na confeitaria colombo a sua afrodite de vênus
Federika Lispector
mitologia serafínica
irina estava vestida de beatriz primeira posava para mais um clássico do surrealismo de magrite no quarto preparava a cama para a chegada de wermer a alta temperatura do verão de sorocaba alterou a visão pictórica do pintor da menina dos brincos de pérola que no jardim enfiava o pincel por entre a espessa barba esperando a primavera lady gumes apressada como sempre se aproveitou da cama e vive uma calorosa noite de amor sem mesmo querer saber quem era a serafina debaixo dos lençóis maranhenses
Pastor de Andrade
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A
filha do conde
filha do conde – a outra
saiu do Irajá pra Madureira
madrugada de sexta-feira
mergulhou na baia do estrangeiro
pensou ser Garota de Ipanena
gritou na porta do cinema
:
“eu sou a outra que Vinícius de Moraes
cantou com Baden Powell
no samba para Ossanha
eu sou estranha
pense o que quiser
não sou Nanã
sou filha de Iansã
um fogo de mulher”.
Artur
Gomes
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