MARIA BOCA DE
POESIA
(Para o avatar, Artur Gomes)
Retirem as crianças da rua,
vai passar a Poesia despudorada,
desencarnada, é só osso luminoso e ofício,
a que não domina sua língua de fogo,
navalha flamejante.
Vai descer a avenida central,
se benzer na catedral,
insana matrona
de filhos mortos
dos dilacerantes abortos
em nome do pai que sumiu.
Freme os quadris
como se fizesse sexo grupal,
ao sol da via pública.
Potra,
pútrida,
puta,
contudo, é Poesia seminal.
Literatura do caos.
Sua risada estrala,
parece taça de vidro
jogada contra o mármore
do altar-mor.
Riso que revela dentes de animal,
dissolvida pastilha de sonrisal,
grossa espuma no canto da boca,
que avisa a hora do vômito,
alerta indômito
da praga rouca:
- aos que roubam nossa saúde,
defuntos no fundo do açude,
que violam a consciência das crianças,
e as deixam desmaiadas nas carteiras escolares,
tumulares.
cavaleiros da política,
guias da resignada cegueira
da grande malta servil,
desejo-lhes o grande inferno de Dante
e antes que me assassinem,
vão( à puta que lhes pariu!
(Fernando Leite Fernandes)
O teatro é o meu habitat natural.
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